MILIONÁRIO FLAGRA FAXINEIRA DANÇANDO COM SEU FILHO NA CADEIRA DE RODAS. O QUE ELE FEZ CHOCOU A TODOS

Rafael Lacerda abre a porta de casa e fica completamente paralisado. O que ele está vendo é impossível. Seu filho Enzo está rindo. Pela primeira vez em dois anos, desde o acidente que matou Amanda e deixou o menino na cadeira de rodas, Enzo está rindo de verdade. Uma mulher jovem empurra delicadamente sua cadeira pela sala, fazendo vozes engraçadas e caretas. Aí vem o leãozinho corajoso no seu carro. especial. Hoar, ele vai salvar todos os bichinhos da floresta. Enzo bate palmas fracas, mas está batendo palmas.

Seus olhos brilham de um jeito que Rafael havia esquecido que existia. O menino move os braços, tentando imitar os sons que a mulher faz. As lágrimas vem sem aviso nos olhos de Rafael. Duas lágrimas grossas escorrem pelo seu rosto. É um milagre. É impossível. Mas está acontecendo. A emoção é tanta que Rafael deixa as chaves caírem. O barulho ecoa pela sala. A magia quebra na mesma hora. Enzo para de rir, se encolhe na cadeira e volta a ser a criança apática que Rafael conhece.

É como se alguém tivesse apagado uma luz. Quem é você? O que você tá fazendo com meu filho? A voz de Rafael sai trêmula entre emoção e desespero. A mulher se levanta rapidamente, alisando o uniforme. Oi, eu sou a Bianca. Bianca Silva. Vim trabalhar aqui hoje. A agência não avisou. Não avisaram nada. Rafael olha para Enzo, que agora está olhando para as próprias mãos. A mudança foi brutal. Do menino feliz para o menino quebrado em 2 segundos.

Nossa, que mico. Quer que eu volte outro dia? Não queria atrapalhar. Tem algo diferente na forma como Bianca trata Enzo. Ela não olha para ele com pena, não trata ele como um coitadinho, ela trata ele como uma criança normal. Não pode ficar. Só cuidado com ele. Meu filho é muito frágil. Bianca olha para Enzo e depois para Rafael. Seus olhos dizem que ela não concorda. Para ela, o menino não parece frágil, parece só muito sozinho. Tá bom, vou ter cuidado.

Mas Rafael vê que ela não vai parar de brincar com Enzo. E pela primeira vez em muito tempo, ele não tem certeza sequer que ela pare. No segundo dia, Rafael fica espionando da janela do escritório. Bianca está no jardim trabalhando e Enzo está na varanda observando ela. Ela não está só limpando, está contando história. Sabe o que aconteceu hoje de manhã? As flores me contaram um segredo. A rosa ali, ó, ela é meio dramática. Fica reclamando do sol o dia todo.

Ai que calor, ai que sede! Já a margaridinha é tímida. Ela só fala, sussurrando assim: “Ó, Bianca faz vozes diferentes, umas agudas, outras graves. Faz cara de brava para a Rosa e cara tímida para a Margarida. Enzo observa tudo com atenção. É mais interesse do que ele mostrou por qualquer coisa em dois anos. Rafael sente uma dor no peito. Quando foi a última vez que ele tentou fazer o filho rir? Quando foi que parou de tentar? Porque doía demais, Verenzo sem reação.

A lembrança vem de repente. Amanda empurrando Enzo no balanço, os dois gritando de alegria: “Mais alto, mamãe, mais alto! Era um sábado de manhã, o último sábado antes de tudo acabar. Rafael fecha os olhos. Se não tivesse insistido para Amanda ir ao mercado com ele. Se tivesse dirigido mais devagar na chuva. Se se um barulho o tira dos pensamentos ruins. Enzo está batendo palmas de novo. Mais forte desta vez. Uma salva de palmas para a performance de Bianca.

É o primeiro movimento que Rafael vê o filho fazer por vontade própria em meses. Senr. Rafael. A voz de Bianca assusta ele. Ela subiu na varanda sem ele perceber. Desculpa incomodar. Só queria saber se posso fazer um lanche pro Enzo. Ele quase não comeu no café da manhã. Rafael olha para o filho. É verdade. Enzo come só o necessário para sobreviver sem vontade, sem prazer. Pode tentar. Mas ele é difícil para comer. Posso fazer uns sanduíches cortados em formato de bichinho.

Às vezes funciona quando fica divertido. Rafael quer falar que nada funciona com Enzo, que ele já tentou de tudo, mas tem esperança no olhar da Bianca. Pode tentar. Uma hora depois, Bianca volta com uma bandeja. Os sanduíches estão cortados em formato de borboletinhas com tomatinho, cereja de antena e alface de asa. Olha só. As borboletinhas vieram almoçar com você. Elas estão morrendo de fome, de carinho. Enzo olha a bandeja com curiosidade, fica hesitando, hesitando. Aí pega uma borboletinha e dá uma mordida pequena.

Rafael quase grita de emoção lá da janela. Enzo comeu sozinho por vontade própria. Isso aí, campeão. As borboletinhas adoraram você. falaram que você é o menino mais gentil que elas já conheceram. Quando Bianca vai embora, ela se abaixa na altura de Enzo. Amanhã a gente brinca mais. Tá bom, príncipe. Enzo faz que sim com a cabeça. É bem de leve, mas é um sim claro. Rafael sente algo que não sentia há dois anos, esperança de verdade. Três dias depois, a rotina especial de Bianca com Enzo já virou tradição.

Ela transformou a limpeza da casa numa grande aventura. De manhã, ela empurra a cadeira dele pela casa, inventando histórias sobre tudo. O vaso da sala vira castelo, o lustre vira nave espacial, a escada vira montanha de dragões bonzinhos. Enzo reage mais a cada dia. Aponta para coisas quando quer que Bianca conte sobre elas. Move a boca como se tivesse tentando falar. Seus olhos estão brilhando de novo. Durante uma brincadeira na sala. Bianca coloca música infantil e começa a dançar em volta da cadeira de Enzo.

Vamos dançar, príncipe. Você mexe os bracinhos e eu mexo os pezinhos. Enzo levanta os braços e balança no ritmo. Não é muito, mas é participação. É vida voltando. Rafael observa escondido na porta. quer entrar e participar, mas tem medo de estragar tudo. Tem medo de que ele chegando perto faça Enzo voltar pro silêncio. Durante o lanche da tarde acontece o impossível. Bianca está contando uma aventura onde ela e Enzo são exploradores corajosos. E agora, corajoso explorador Enzo, a gente precisa atravessar o rio dos jacarés famintos.

Você tem coragem? Enzo olha para ela com atenção total. A boca dele se move devagarzinho. Rafael se inclina para a frente, o coração disparando. Aí baixinho como um sussurro, Enzo fala: “Mã, mã!” Rafael congela. Enzo tentou falar: “Mamã, não, mamãe”, se referindo à Amanda. “Mamã!” Olhando para Bianca. Bianca fica emocionada, mas não faz escândalo. Só sorri carinhoso. Isso mesmo, meu príncipe. Mas de mágico que é o que você é. Quando Bianca vai embora naquele dia, ela anda diferente, tem esperança nos passos dela e determinação no olhar.

Ela conseguiu, ela realmente conseguiu fazer Enzo reagir, mas nem Rafael, nem Bianca sabem que alguém estava observando da janela do segundo andar uma sombra que acompanhou cada movimento, cada pequeno progresso, e essa sombra não estava nada feliz com o que viu. Uma semana depois, no sétimo dia de trabalho de Bianca, tudo muda. Ela está empurrando a cadeira de Enzo pelo corredor, cantar olando quando a campainha toca. Rafael vai atender e ela ouve uma conversa abafada na porta.

Depois passo se aproximando. Enzu, tem alguém muito especial aqui para te ver. A voz de Rafael está esquisita, misturada com emoção e espanto. Quando a mulher entra na sala, Bianca sente como se o mundo tivesse parado. É impossível. Não pode ser real. A mulher é idêntica às fotos de Amanda espalhadas pela casa. mesma altura, mesmo cabelo loiro, mesmos olhos azuis, mesmo jeito de se vestir. É como se a esposa morta de Rafael tivesse ressuscitado. O impacto em Enzo é devastador.

O menino dá um grito estrangulado de terror e começa a tremer violento na cadeira. Os olhos dele se enchem de lágrimas enquanto ele olha fixo para a aparição. Oi, meu anjinho. A titia Verônica voltou. A voz também é quase igual à de Amanda. Verônica se aproxima e beija a testa de Enzo, que continua tremendo de medo. Rafael está claramente abalado. As mãos dele trem enquanto faz as apresentações. Bianca, essa é a Verônica, irmã gêmea da minha esposa.

Verônica, essa é a Bianca, nossa. A funcionária. Verônica estende a mão para Bianca com um sorriso que não chega nos olhos. Tem algo gelado nesse sorriso. Prazer, Bianca. Espero que você esteja cuidando bem da nossa família. Nossa família? A palavra soa possessiva. Estou fazendo o meu melhor, tenho certeza. O Rafael me contou que você tem sido muito carinhosa com o Enzo. Tem algo no jeito que Verônica fala que deixa Bianca desconfortável, como se o carinho dela com Enzo fosse errado.

Rafael explica a situação enquanto Enzo fica em estado de choque. A Ver estava na Europa se recuperando da perda da Amanda. Agora voltou para ficar perto da gente, ajudar com Enzo. Que bom. Ele precisa da família mesmo. Bianca tenta parecer sincera, mas algo não fecha. Se Verônica estava se recuperando do luto, porque ela parece tão controlada, tão calculista? É exatamente isso. Família entende família melhor que ninguém. Não é, Rafael? O jeito que Verônica olha para Rafael é carregado de significados que Bianca não entende.

Tem história ali, tem sentimentos antigos. Enzo, amor, não vai dar um abraço na titia? Verônica tenta abraçar o menino, mas ele se encolhe na cadeira fazendo barulho de desespero. Ele ainda tá muito sensível, explica Rafael rápido. O acidente deixou ele muito traumatizado. Claro, eu entendo, mas eu sou família, Rafael. Sou a pessoa mais parecida com a Amanda que existe. Se alguém pode ajudar ele a melhorar, sou eu. Bianca olha para Enzo e vê algo assustador. Todo o progresso da última semana sumiu.

O menino voltou pro estado apático dos primeiros meses depois do acidente. Pior, ele parece com muito medo. Verônica percebe o olhar preocupado de Bianca e sorri gelado. Você deve estar se perguntando sobre a semelhança, né? Sim. Eu e a Amanda éramos gêmeas idênticas. Todo mundo diz que até nossa personalidade era parecida. Mas Bianca vê que os olhos de Verônica são diferentes. Amanda irradiava carinho nas fotos. Verônica irradia algo frio. Rafael fica visivelmente emocionado vendo Verônica. Para ele, deve ser como ter uma versão viva da Amanda de volta.

É tão bom ter você aqui, Verônica. O Enzo precisa de uma figura materna e você é a pessoa mais próxima da Amanda que a gente tem. Exatamente. E agora que eu tô aqui, posso cuidar pessoalmente dele. Tenho certeza que a Bianca entende que, sendo família, eu tenho prioridade nas decisões sobre o Enzo. O recado é claro e direto. Verônica está marcando o território. Claro, responde Bianca, mas tem resistência na voz dela. Quando Rafael sai para buscar as malas de Verônica no carro, ela se aproxima de Bianca.

O sorriso desaparece completamente, só para deixar bem claro. Sussurra baixo só para Bianca ouvir. Espero que você entenda qual é o seu lugar nessa casa. Você é a empregada. Eu sou família. Não esqueça disso. O tom é de ameaça pura. Quando Rafael volta, Verônica está sorrindo docente de novo. Bianca olha para Enzo uma última vez antes de ir embora. O menino olha para ela com olhos suplicantes, como se pedisse para não ser deixado sozinho com a mulher igual à mãe morta.

Mas Bianca não pode fazer nada. Verônica está certa. Ela é só a empregada. Naquela noite, pela primeira vez em meses, Enzo volta a fazer xixi na cama. Rafael encontra o filho chorando no escuro, sussurrando baixinho. Mamãe, mamãe! Mas ele não está chamando Amanda. Ele está com medo da mulher idêntica a ela. Alguns dias depois da chegada de Verônica, a casa virou um lugar completamente diferente. Enzo regrediu de um jeito que Rafael nunca tinha visto. O menino não para de chorar, não quer comer e se recusa a sair do quarto.

Toda vez que vê Verônica, ele treme e faz sons de desespero. Bianca tenta continuar com as brincadeiras, mas algo mudou. Enzo não responde mais. parece que está com medo constante de alguma coisa. É numa tarde que Bianca descobre o que está acontecendo. Ela estava passando pelo corredor quando ouve Verônica falando baixinho no quarto de Enzo. Se esconde atrás da porta e houve uma conversa que congela seu sangue. Sabe, Enzo, a mamãe ficou muito preocupada naquele dia porque você estava chorando no carro.

Ela se distraiu tentando te acalmar. O menino faz um som de dor. Se você ficar muito agitado de novo, chorar alto, fazer barulho, o papai pode se preocupar tanto que bem, você entende, né? A gente não quer que nada aconteça com ele. Bianca sente o coração acelerar. Verônica está fazendo uma criança traumatizada se sentir culpada pela morte da própria mãe. E se você contar nossa conversinha para alguém, eu vou ficar muito triste e talvez tenha que ir embora.

Aí o papai vai ficar sozinho de novo, igualzinho quando a mamãe foi embora. Você quer isso? Bianca ouve Enzo chorando baixinho. A criança está sendo manipulada emocionalmente pela própria tia. Quando Verônica sai do quarto, Bianca se esconde rapidamente, vai direto para Enzo e encontra o menino encolhido na cadeira, lágrimas no rosto. Oi, meu príncipe, tá tudo bem? Enzo olha para ela com terror nos olhos, faz gestos desesperados com as mãos, apontando pra própria boca e balançando a cabeça.

Está dizendo que não pode falar. Depois aponta paraa foto da mãe e faz um gesto como se algo ruim fosse acontecer. Bianca entende. Ele acredita que se fizer barulho, pessoas vão se machucar. O que ela fez com você, amor? Mas Enzo só consegue chorar em silêncio, apavorado demais para reagir. Naquela noite, Rafael encontra Enzo chorando no escuro de novo. É a quarta vez na semana. Que foi, filho? Fala pro papai. Mas Enzo não consegue falar. Está com medo demais de que algo aconteça com o pai se abrir a boca.

Na semana seguinte, Verônica começa a segunda fase do plano, destruir a confiança de Rafael em Bianca. Ela planta pequenas dúvidas durante conversas casuais. Rafael, você não acha estranho como o Enzo piorou depois que essa faxineira chegou? Como assim? Pensa bem, ele tava estável dentro do probleminha dele. Aí chega essa mulher criando expectativa, prometendo melhora e olha como ele tá agora. Rafael fica pensativo. É verdade que Enzo está muito pior, mas isso começou quando Verônica chegou, não quando Bianca chegou.

Só que ele não consegue ver isso. Tem outra coisa me preocupando. Ontem ouvi ela falando pro Enzo que a Amanda manda beijinhos do céu. Isso não é verdade, mas Rafael não tem como saber. Ela falou isso? Falou sim, Rafael. Isso confunde a cabeça dele. Ele fica esperando a mãe voltar. Uma criança traumatizada não pode ouvir essas coisas. Verônica vai plantando mais mentiras ao longo dos dias. Inventa que Bianca disse para Enzo que a mãe está viva no coração dele e que um dia eles vão se encontrar de novo.

Eu não queria falar, mas ontem havia ensinando ele a mandar beijinhos pro céu. Quando perguntei, ela disse que era para se comunicar com a mamãe. Rafael, isso é perigoso demais. As mentiras de Verônica são inteligentes. Ela pega coisas que uma pessoa carinhosa realmente poderia falar e distorce tudo. Rafael, já abalado pela presença de Verônica, que o lembra de Amanda o tempo todo, começa a acreditar. A situação explode quando Verônica mostra para Rafael um papel que encontrou no lixo.

Olha só o que ela escreveu e jogou fora. O Enzo precisa de uma mãe. Talvez eu possa ser essa pessoa para ele. Rafael, essa mulher tá obsecada em substituir a Amanda. O papel foi escrito pela própria Verônica, mas Rafael não desconfia. Naquela tarde, ele chama Bianca para conversar. Preciso falar com você. Tô sabendo de umas coisas que me preocupam. Que coisas, senhor Rafael? Você anda falando pro Enzo que a mãe dele manda beijinho do céu, que ele pode se comunicar com ela?

Bianca fica chocada. Ela nunca disse nada disso. Eu nunca falei isso. Só canto música, brinco com ele. E esse papel? Você escreveu que quer ser mãe do meu filho? Que papel? Eu não escrevi papel nenhum, mas Rafael tá muito confuso para acreditar nela. Verônica fez um trabalho muito bom. Olha, não sei o que tá rolando, mas meu filho tá piorando cada dia. Talvez seja melhor você repensar essa proximidade toda. Bianca sai da conversa arrasada. Ela sabe que não fez nada errado, mas não consegue provar.

E o pior, Enzo tá sofrendo cada vez mais. No final da semana seguinte, Rafael toma uma decisão que quebra o coração de Bianca. A partir de hoje, você não pode mais ficar sozinha com o Enzo. Só limpa quando eu ou a Verônica tiver por perto. A ordem é um soco no estômago de Bianca. Ela está sendo afastada da única criança que conseguiu ajudar. Mas, senhor Rafael, não quero mais papo sobre isso. É pro bem do meu filho.

Enzo não entende porque sua única fonte de carinho foi afastada. Ele vê Bianca todos os dias, mas agora ela só pode limpar sendo vigiada. Não pode mais brincar, contar histórias ou cantar. O menino fica ainda mais deprimido, para de comer quase tudo, não dorme direito, volta pro estado de apatia total dos primeiros meses depois do acidente. Rafael percebe que tem algo errado, mas não consegue descobrir o quê. Seu filho tá piorando muito, mas todo mundo diz que é normal.

É nessa época que Rafael começa a reparar em coisas estranhas sobre Verônica. Ela diz que ficou dois anos na Europa, mas conhece detalhes muito específicos da rotina atual da casa. Sabe onde ficam as coisas, lembra de hábitos dele que mudaram há poucos meses. Uma noite, Rafael tá passando pelo quarto de Enzo quando ouve Verônica falando lá dentro. O tom dela é diferente do carinhoso que usa na frente dele. E se você tentar contar pro papai sobre nossa conversa, eu vou ter que ir embora.

E sabe o que vai acontecer? Ele vai ficar tão triste que pode adoecer igual à mamãe. Rafael fica confuso. Que conversa! Por que Verônica falaria isso? Mas quando ele entra no quarto, encontra a Verônica cantando baixinho para Enzo. Ele tava agitado, explica ela docemente. Só tava acalmando. Rafael não tem certeza do que ouviu. Talvez tenha imaginado. É de madrugada que tudo vira um caos. Rafael ouvi Enzo chorando desesperadamente. Quando vai ver, encontra Bianca já no quarto consolando o menino.

Ela desobedeceu as ordens. O que você tá fazendo aqui? Eu não falei que não podia ficar sozinha com ele? Senr. Rafael, ele estava chorando muito. Eu só queria ajudar. Não importa. Você desobedeceu. Bianca olha para Enzo, que tá se agarrando na blusa dela, como se ela fosse a única proteção que ele tem no mundo. Ele precisa de mim, Senr. Rafael. Alguma coisa tá deixando ele com muito medo. O que ela não sabe é que Verônica tá na porta observando com um sorriso satisfeito.

Tudo tá saindo como planejado. Alguns dias depois, Bianca decide que precisa entender o que tá acontecendo. Se não pode ajudar Enzo diretamente, vai descobrir porque uma criança que estava melhorando tanto pior de forma tão brutal. As suspeitas começam por acaso. Durante uma conversa casual, Verônica comenta sobre uma padaria nova que abriu há seis meses na região. Nossa, aqueles pães de açúcar são uma delícia, né, Bianca? Fica pensativa. Como Veraria se estava na Europa? Depois ela repara que Verônica conhece a música que Rafael anda ouvindo ultimamente.

Uma música que só começou a tocar no rádio há três meses e tem mais coisas estranhas. Verônica sabe que Rafael mudou a marca do café que compra. Sabe que ele trocou o horário da academia, coisas pequenas, mas que alguém que ficou dois anos fora não deveria saber. A descoberta real acontece por puro acaso. Bianca tá arrumando a sala quando a bolsa de Verônica cai no chão. Várias coisas se espalham, ajudando a juntar. Bianca vê uma conta de energia elétrica.

A data é de 3 meses atrás. O endereço é de um apartamento aqui na cidade. Verônica não estava na Europa. Ela estava morando aqui pertinho. Mas por que mentiria sobre isso? Bianca começa a reparar em outras coisas. Fotos no celular de Verônica mostram ela em lugares da cidade durante os supostos do anos fora. Uma selfie no shopping local com data de se meses atrás. Outra no parque da região há 4 meses. Tudo é mentira. É nesse momento que Enzo consegue se comunicar com ela de um jeito desesperado.

O menino faz um esforço enorme para rabiscar no papel. Duas figuras femininas idênticas dentro de um carro. Bianca olha o desenho e sente um frio na barriga. Enzo viu algo no dia do acidente. Algo envolvendo duas mulheres iguais. Verônica estava no carro quando Amanda morreu. Mas antes que Bianca possa pensar direito sobre isso, houve passos atrás dela, achando alguma coisa interessante. Verônica tá na porta. O sorriso sumiu completamente do rosto dela. Eu estava só ajudando a juntar as coisas que caíram da bolsa.

Que conveniente você sempre estar no lugar certo na hora certa, né? O tom de Verônica é gelado. Bianca sabe que foi pega investigando. E algo nos olhos de Verônica diz que ela não vai esquecer isso. Naquela noite, Bianca chega em casa e a porta tá entreaberta. Seu coração dispara. Ela tem certeza que trancou quando saiu. Entra devagar e vê que nada foi roubado. Mas tem pegadas de lama pelo chão. Alguém esteve lá no banheiro, escrito no espelho com batom.

tem um recado que faz seu sangue gelar. Você tem uma família linda. Seria uma pena se algo acontecesse. Mas na semana seguinte, Bianca não consegue esquecer o recado no espelho. Alguém entrou na casa dela, alguém que sabe onde mora sua família, mas ela não pode desistir agora. Enzo está sofrendo demais e ela é a única que percebe o que está acontecendo de verdade. A primeira pista vem por puro acaso. Bianca está limpando a mesa da sala quando vê uns papéis espalhados.

São documentos do banco que alguém esqueceu ali. O nome de Rafael está em destaque. Transferência de herança. R$ 50 milhões deais. Bianca fica confusa. Rafael nunca falou sobre herança nenhuma. Olha a data. Dois meses atrás, exatamente na época que Verônica voltou da Europa. Que coincidência estranha, pensa ela. Verônica some por do anos e volta bem quando Rafael fica milionário. Alguns dias depois acontece algo que deixa Bianca ainda mais desconfiada. Ela está arrumando o quarto de hóspedes quando encontra remédios na gaveta da cômoda.

São calmantes fortes no nome de Verônica. A receita é de se meses atrás, prescrita por um médico daqui da cidade. Se Verônica estava na Europa há dois anos, como conseguiu remédio aqui há 6 meses? Mais uma mentira. Bianca começa a reparar em outras coisas pequenas. Verônica conhece o nome do entregador de pizza que começou a trabalhar há 4 meses. Sabe que a farmácia da esquina mudou de dono recentemente. Conhece detalhes que uma pessoa que ficou fora do país não deveria saber.

É durante uma conversa com Rafael que Bianca descobre algo ainda mais perturbador. Sabe, até hoje não entendo como a Amanda perdeu o controle do carro, comenta Rafael tristemente. Ela dirigia há anos, conhecia aquela estrada de cor. Como assim? Ela era super cuidadosa, nunca corria. No dia do acidente, estava até indo devagar por causa da chuva. Mas o carro saiu da pista como se, sei lá, como se alguém tivesse puxado o volante. O coração de Bianca acelera. Alguém puxou o volante.

E o Enzo, ele falou alguma coisa sobre o acidente nos primeiros dias depois ele chorava e fazia uns gestos estranhos, como se tivesse visto duas pessoas brigando. Mas os médicos disseram que era trauma, que criança inventa coisa. Duas pessoas brigando igual aos desenhos que Enzo faz até hoje. Naquela noite, Bianca não consegue dormir. As peças estão se encaixando de um jeito assustador na cabeça dela. Se Verônica nunca saiu da cidade, se ela voltou por causa do dinheiro, se Enzo viu duas pessoas brigando no carro e se o acidente não foi acidente.

A ideia é tão terrível que ela tenta afastar, mas não consegue. Uma criança de 6 anos não inventaria desenhos tão específicos sobre carros e mulheres brigando. Alguns dias depois, Rafael resolve contar sobre a herança. Bianca, eu não comentei antes, mas meu avô morreu há dois meses. Deixou uma herança bem considerável para mim. Ah, é? Que bom, Senr. Rafael. Bianca finge surpresa, mas agora entende tudo. Por isso, Verônica apareceu exatamente nessa época. 50 milhões, imagina. Muda a vida da gente, né?

Nossa, é muito dinheiro mesmo. A Ver tá me ajudando a pensar no que fazer com essa grana. Ela sugeriu que a gente podia vender esta casa, comprar algo menor, talvez mudar de cidade. Bianca sente um frio na barriga. Verônica quer levar Rafael e Enzo para longe, isolá-los de qualquer pessoa que possa atrapalhar os planos dela. E o Enzo, como ele tá com essa ideia de mudança? Rafael suspira fundo. Ele fica agitado quando a gente fala nisso. Ontem mesmo ele desenhou umas coisas estranhas de novo.

Que tipo de coisa? Carros, mulheres, desenhos meio confusos. A Verica acha que é a mente dele tentando esquecer o trauma. Bianca tem certeza de que não é isso. Enzo está tentando contar a verdade do único jeito que consegue. Posso ver os desenhos? Rafael hesita. A Verônica disse que é melhor não dar muita atenção, que quanto mais a gente foca no trauma, pior fica para ele. Claro, ela entende perfeitamente. Verônica não quer que ninguém veja o que Enzo está tentando comunicar.

Naquela tarde, ela consegue ficar sozinha com Enzo por alguns minutos. O menino está na sala, olhando pela janela. Oi, meu príncipe. Você tá bem? Enzo olha para ela com aqueles olhos tristes, faz um gesto apontando pro papel e lápis na mesa. Você quer desenhar alguma coisa? Ele faz que sim com a cabeça, pega o lápis com mãos trêmulas e começa a rabiscar. O desenho que sai é mais claro que os outros. Duas mulheres idênticas dentro de um carro, uma segurando o volante, a outra puxando com força e um menino pequeno chorando no banco de trás.

Bianca sente o sangue gelar. Você viu isso acontecer, amor? No dia que a mamãe se machucou? Enzo faz que sim, lágrimas nos olhos. A tia Verônica tava no carro? Mais um. Sim. Elas estavam brigando pelo volante. Enzo chora e aponta pra figura da Verônica no desenho. Depois faz um movimento brusco com as mãos, como se estivesse puxando algo. Bianca abraça o menino que se joga nos braços dela chorando. É a primeira vez em semanas que ele busca carinho de alguém.

Você foi muito corajoso em me mostrar isso. Mas quando levanta os olhos, vê Verônica parada na porta, com aquele sorriso gelado que ela conhece bem. “Que cena bonita, diz Verônica. Vocês dois são muito próximos mesmo. Enzo imediatamente se afasta de Bianca e volta pro estado apático. O medo voltou. Rafael chega nesse momento. Aconteceu alguma coisa? Nada demais. responde Verônica rapidamente. Só a Bianca consolando o Enzo de novo. Ela tem um jeito muito especial com ele. O jeito que ela fala deixa claro que vai usar isso contra Bianca depois.

Nos dias seguintes, Verônica aumenta a pressão de todos os lados. Com Rafael, ela planta mais dúvidas sobre Bianca. Você reparou como o Enzo se agarra nela? Isso não tá certo, Rafael. Uma criança traumatizada não pode criar essa dependência com uma funcionária. Com Enzo, ela intensifica a chantagem emocional. Você mostrou algum desenho pra Bianca? Porque se mostrou, ela pode se meter numa confusão muito feia e o papai também pode se chatear. E com Bianca as ameaças ficam mais claras.

Você tem uma família bonita, né? Sua mãe, seu irmão. É. Importante a gente cuidar bem de quem ama. A forma como Verônica fala deixa Bianca arrepiada. Como ela sabe sobre sua família? Aliás, como tá sua mãe? Ainda mora naquela casinha azul? Bianca congela. Ela nunca falou onde a mãe mora. E seu irmão, o João, né? Ainda trabalha no posto da avenida. O coração de Bianca dispara. Verônica investigou toda sua família. Por que a senhora tá perguntando isso?

Só curiosidade. Do mesmo jeito que você tem curiosidade sobre certas coisas. A ameaça é bem clara. Se Bianca continuar fazendo perguntas, sua família pode pagar o preço. Naquela noite, ela liga pros familiares. Mãe, vocês estão bem aí? Estamos sim, filha. Por quê? Se aparecer algum estranho aí, não abram a porta, tá bom? Que estranho, Bianca. Você tá me preocupando. É só cuidado mesmo, mãe. Mas Bianca sabe que cuidado não vai ser suficiente. Verônica já mostrou que é capaz de qualquer coisa.

É nessa época que ela percebe estar sendo vigiada. Verônica aparece nos lugares mais inesperados, sempre com desculpas. Ah, que coincidência te encontrar aqui na padaria. Nossa, você também veio no mercado hoje? As coincidências são muitas para serem casuais. Bianca está sendo seguida. Durante uma dessas coincidências, Verônica deixa escapar algo revelador. Sabe, Bianca, algumas pessoas fazem perguntas demais na vida e isso pode ser complicado para elas. O que a senhora quer dizer? Quero dizer que curiosidade excessiva às vezes traz problemas.

Especialmente quando mexe com coisas que já deveriam ter ficado no passado. Verônica não confessa nada diretamente, mas o recado é claro. Ela sabe que Bianca descobriu coisas demais. Você entende o que eu tô falando, né? Bianca apenas balança a cabeça, fingindo que não entende, mas por dentro está aterrorizada. Final da sexta semana. Verônica percebe que precisa agir logo. Enzo continua tentando se comunicar com Bianca através dos desenhos. Rafael está começando a fazer perguntas sobre as inconsistências na história dela.

E Bianca sabe coisas demais. É hora de resolver o problema de uma vez. Naquela tarde, Rafael sai para resolver assuntos da herança. Enzo está dormindo na sala depois do almoço. A casa está silenciosa. Bianca, que tal um chá? Você parece muito tensa ultimamente. Bianca desconfia, mas não quer parecer paranoica. Obrigada, dona Verônica. Verônica prepara o chá na cozinha, pega um dos calmantes dela e mistura no líquido quente. É um remédio forte. que ela usa para dormir. Aqui está.

É um chá calmante. Uso sempre quando fico ansiosa. O chá tem um gosto estranho, meio amargo. Bianca percebe na primeira gargantada. Tá com gosto diferente. É que coloquei um pouquinho de mel. Fica mais gostoso assim. Bianca finge que vai beber, mas quando Verônica não está olhando, joga o líquido no vaso de plantas ao lado da cadeira. Sabe, Bianca, eu venho pensando na nossa situação aqui. Que situação? Bem, você tem sido muito observadora ultimamente. Faz muitas perguntas sobre a família.

O tom de Verônica está mudando, ficando mais frio. Pessoas muito curiosas às vezes descobrem coisas que podem ser perigosas para elas. Bianca finge que está ficando sonolenta, encostando a cabeça na cadeira. Eu não entendo. Claro que entende. Você sabe exatamente do que eu tô falando. Verônica se aproxima, achando que o sedativo está fazendo efeito. Algumas pessoas não sabem quando parar de mexer, onde não devem. E isso pode trazer consequências tristes. Ela se abaixa perto de Bianca, sussurrando.

Você tem uma família tão bonita. Seria uma pena se algo acontecesse com eles por causa da sua curiosidade. Bianca continua fingindo que está quase desmaiando, mas por dentro está alerta. O que o que a senhora quer? O que eu sempre quis que você suma da nossa vida, da vida do Rafael, da vida do Enzo. Verônica anda pela sala falando como se estivesse pensando alto. Sabe qual vai ser a história? Você estava muito deprimida porque não conseguiu ajudar uma criança traumatizada.

O peso foi demais. Decidiu que não valia mais a pena. Bianca percebe que Verônica está planejando fingir que ela se matou. Você por que tá fazendo isso? Verônica para e olha para ela. Porque finalmente posso ter a vida que sempre deveria ter sido minha. Eu conheci o Rafael primeiro. Eu amei ele primeiro. A Amanda é que veio e estragou tudo. As palavras saem carregadas de anos de ressentimento. E agora que ela não tá mais no caminho, não vou deixar uma funcionária qualquer estragar meus planos.

Bianca finge que está perdendo a consciência, mas continua prestando atenção. O Rafael vai ficar triste no começo, claro, mas eu vou estar aqui para consolá-lo. E o Enzo, bem, criança, esquece as coisas mesmo. É nesse momento que Bianca entende que Verônica não é apenas perigosa para ela. Se conseguir o que quer, aquela criança inocente vai ficar a mercê de uma mulher capaz de qualquer coisa. Mesmo fingindo estar sedada, Bianca sabe que precisa encontrar uma forma de escapar, não só para salvar a própria vida, mas para proteger Enzo.

Porque se não conseguir parar Verônica agora, ninguém mais vai estar lá para defender aquele menino. Bianca continua fingindo que está quase desmaiando. Verônica sai da sala para buscar mais coisas, achando que o calmante está fazendo efeito. É quando Bianca ouve um barulho no corredor, passos pequenos de criança. Enzo acordou. O menino aparece na porta ainda sonolento. Quando vê Bianca, ele sorri um pouquinho. Nesse momento, Verônica volta carregando uma corda e fica furiosa ao ver que Bianca está de pé.

Ora, parece que meu chá não funcionou direito. O tom dela mudou completamente. Não tem mais nada de doce. É a voz de alguém que cansou de fingir. Enzo percebe que tem algo errado. Olha para Bianca, depois paraa Tia, e os olhos dele se enchem de medo. Que bom que acordou. Enzo. Vai poder se despedir da sua amiguinha. Verônica bloqueia a saída. Bianca tenta se mover, mas não consegue passar. É nesse momento que algo extraordinário acontece. Enzo vê a mulher que ama em perigo e sente uma urgência que não sentia há do anos.

Ele precisa proteger Bianca. Não. O grito sai da garganta dele como um trovão. É a primeira palavra clara em dois anos. Verônica fica chocada. A corda cai no chão. Não machuca. As palavras de Enzo saem quebradas, mas determinadas. Bianca, não. Ele tenta formar frases, a voz rouca de tanto tempo parada. Ela, ela ruim. Enzo aponta para Verônica com o dedo trêmulo. Papai, papai. Agora ele consegue gritar mais alto. Rafael está chegando nesse momento. Ouve a voz do filho e corre para dentro da casa.

Quando vê a cena, Verônica concorda. Bianca encurralada, Enzo gritando. Ele fica sem entender nada. Que que tá acontecendo aqui, papai? Ela ela quer machucar Bianca. As palavras saem devagar, mas Rafael consegue entender. Verônica, que história é essa? Mas Enzo não para. É como se uma represa tivesse estourado ela no carro com mamãe. Rafael fica gelado. Que carro? Que mamãe? Ela puxou. Ela puxou o volante. Rafael sente o chão sumir debaixo dos pés. O que você tá falando, filho?

Eu vi. Eu vi tudo. Enzo está chorando, mas as palavras continuam saindo. Elas brigando no carro. Tia Verônica puxou. Cada palavra é como um soco no estômago de Rafael. Mamãe, mamãe caiu por causa dela. Rafael olha para Verônica, que está branca. Isso não é verdade, Rafael. O menino tá confuso, traumatizado. Não tô confuso. Eu lembro. A voz de Enzo está ficando mais firme. Ela falou, falou que queria você para ela, que mamãe roubou. Rafael sente uma raiva crescendo dentro dele, lenta, mas perigosa.

Verônica, olha nos meus olhos e me fala que isso não é verdade. Rafael, você vai acreditar numa criança doente? Eu não tô doente. Eu vi ela fazer. Enzo se aproxima do pai, segurando na perna dele. Ela disse que eu não podia contar, que se eu falasse, você ia morrer também. Rafael olha pros olhos de Verônica e vê algo que nunca tinha visto antes. Medo, culpa. Você matou minha esposa? Não é pergunta, é afirmação. Eu nunca faria isso.

Como você pode pensar uma coisa dessas? Mas a voz dela está tremendo. Porque meu filho de 8 anos não inventa uma história dessas? Porque você sumiu logo depois do acidente. Porque voltou agora que eu herdei dinheiro? Rafael está juntando as peças na cabeça. Porque você sempre teve ciúme da Amanda. Verônica vê que está encurralada. Tá bom. A gente conversou no carro, sim, mas não foi de propósito. As palavras saem em desespero. Ela descobriu que eu ainda te amava.

Disse que ia contar tudo. Ia estragar qualquer chance que eu tinha. Rafael está tremendo de raiva. E aí você matou ela. Eu só queria fazer ela parar, só queria conversar. Mas ela resistiu e e minha esposa morreu. E você deixou eu me culpar por dois anos. Deixou meu filho carregar essa culpa. Eu não tive culpa. Foi ela que teve. Enzo grita finalmente livre. Rafael pega o celular e disca pra polícia. Alô. Preciso de ajuda. Tenho uma confissão de assassinato aqui.

A polícia chega 15 minutos depois. Rafael contou tudo pelo telefone. Quando os policiais entram, encontram Verônica sentada no chão chorando. Rafael segurando Enzo. Bianca ainda em choque. Senhora Verônica Lacerda. Sim. A senhora está presa por homicídio e tentativa de homicídio. Quando colocam as algemas, Verônica olha uma última vez para Rafael. Eu sempre te amei, Rafael. Mas que ela, quem ama não mata Verônica. Rafael abraça Enzo, que finalmente para de tremer. Tá tudo bem, filho. Acabou. Papai, eu não matei mamãe nunca, meu amor.

Você nunca teve culpa de nada. Rafael se vira para Bianca. Me perdoa por não ter acreditado, por ter deixado isso acontecer. Você não sabia de nada. Ninguém sabia. Enzo corre pros braços de Bianca. Bianca, você tá bem? Eu falei. Falou sim, meu príncipe. Você foi muito corajoso. Eu Eu salvei você. Salvou? Sim. Você me salvou e salvou seu papai também. Rafael olha para Bianca, abraçando Enzo, e entende uma coisa que deveria ter percebido antes. Ela não é só a funcionária que cuidou do filho dele.

É a mulher que trouxe Enzo de volta pra vida, que trouxe luz paraa casa deles, que arriscou a vida para proteger uma criança. É a família que eles escolheram ter. Nos dias que seguem, Enzo não para de falar, como se quisesse compensar todo o tempo perdido, mas as palavras ainda saem devagar, simples. Rafael e Bianca ficam mais próximos, não romanticamente ainda, mas como duas pessoas que passaram por algo terrível juntas. Verônica é condenada a 20 anos de prisão.

O caso vira notícia, mas Rafael protege Enzo dos repórteres. O menino está se recuperando bem, fala mais a cada dia, ri mais, brinca mais e não faz mais xixi na cama. Um ano depois. A casa está diferente, tem vida, tem risadas, tem música tocando. Enzo fala normalmente agora com a naturalidade de qualquer criança de 9 anos. Ainda está na cadeira de rodas, mas isso não o impede de ser feliz. Rafael e Bianca estão namorando há seis meses, devagar, construindo uma relação baseada no amor verdadeiro, não na tragédia que os uniu.

Hoje é um dia especial. Rafael vai pedir Bianca em noivado. Eles estão no jardim. Enzo brinca com uma pipa que Rafael fez para ele. Bianca? Hum. Tem uma coisa que eu quero te perguntar. Rafael se ajoelha na grama na altura da cadeira dela. Você quer casar comigo? Bianca fica sem fala. Lágrimas nos olhos. Quero. Ebá. Enzo grita de alegria, largando a pipa. Agora a Bianca vai ser minha mãe de verdade, se você quiser, meu príncipe, eu quero muito.

Os três se abraçam ali no jardim, sob o sol da tarde. Depois do almoço, eles vão ao cemitério. É a segunda vez que Enzo visita o túmulo da mãe desde o acidente. Rafael empurra a cadeira dele até a lápide. Bianca caminha ao lado. Oi, mamãe. A voz de Enzo é firme, sem medo. Vim contar que eu tô bem, que a gente tá bem. Ele olha para Bianca. A Bianca vai casar com o papai. Ela cuida da gente.

Acho que você ia gostar dela. Rafael aperta a mão de Bianca. E a tia Verônica, ela não vai mais machucar ninguém. Enzo coloca uma flor no túmulo. Pode descansar, mamãe. A gente vai ficar bem. Eles ficam ali alguns minutos em silêncio. Depois caminham de volta pro carro. Rafael empurra a cadeira. Bianca vai ao lado. Enzo segura a mão dos dois. O amor venceu a mentira. A verdade venceu o medo e uma família se formou não pelo sangue, mas pelo coração.

O soles chegam em casa. Enzo pede para ficar mais um pouco no jardim vendo as estrelas aparecer. Papai, a mamãe tá feliz lá no céu? Tenho certeza que sim, filho. E ela não tá com raiva que a Bianca vai ser minha nova mãe? Claro que não. Ela quer que você seja feliz. Enzo sorri e olha pro céu. Obrigado, mamãe, por mandar a Bianca pra gente. Rafael e Bianca se olham emocionados. A vida deles não vai ser perfeita.

Vai ter desafios, dificuldades, momentos difíceis, mas vai ter amor, vai ter verdade, vai ter uma família que escolheu ficar junta e isso é o que importa. Gostou dessa história? Acha que Bianca teve o final que merecia?